Eu costumo falar para meus pacientes que nossa vida pode ser comparada à uma toalhinha de crochê. Somos construídos pelas mãos de alguém, e por mais que esta pessoa use os mesmos pontos em diferentes toalhinhas, estas, nunca serão iguais. Digo também, que são esses buraquinhos que nos dão a beleza, a diferenciação e a individualidade, somos únicos, e isso é mágico. No entanto, se na hora que estivermos sendo construídos, algum pontinho se perder, o que era para ser um detalhe, acaba se transformando em um buraco muito grande, e quanto mais demorar para resgatar esse ponto que ficou para trás, maior será a dor que ele irá causar. E toda vez que nos olharmos para nós, acredite, vai ser para esse ponto que foi perdido, sempre vamos enxergar a falta, e talvez, ela seja tão grande que até quem não entende nada de crochê possa perceber, pode ser que nem eles, nem nós saibamos nomear, mas, ainda assim enxergamos a falta. E se engana quem pensa que esse ponto é sempre resgatado, as vezes passa -se uma vida enxergando esse vazio e não se busca o ponto que foi perdido. Não! Você também não tem obrigação de fazer esse resgate, mas, pela sua satisfação ao se olhar no espelho e se ver inteiro, eu aconselharia o resgate. Somos seres desejosos, e isso, por si só já é um buraquinho, pois sempre que conquistamos algo que foi tão desejado logo desejamos outra coisa. Então, esperar que nossa vida seja fechada, completa, é o mesmo que querer voar sem ter a asas, ainda que artificiais. Assim, se olhe com amor, respeite suas falhas, foi o que te fez ser o que é, mas, se essas faltas forem muito grandes, e perceba que esse ponto perdido está lhe trazendo muito sofrimento, volte e resgate você mesma, você hoje pode crochetar sua história, mas fique certa que ela é feita de buraquinhos , ela é feita de desejos!